{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/green/2025/06/11/onda-de-calor-recorde-artico-tornou-se-3c-mais-quente-devido-as-alteracoes-climaticas" }, "headline": "Onda de calor recorde: \u00c1rtico tornou-se 3\u00baC mais quente devido \u00e0s altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas", "description": "O calor da primavera pode ser uma amea\u00e7a emergente para as pessoas vulner\u00e1veis na Isl\u00e2ndia e para as comunidades inu\u00edtes na Gronel\u00e2ndia.", "articleBody": "\u0022As pessoas pensam frequentemente em pa\u00edses como a \u00cdndia, a It\u00e1lia e os EUA quando falamos de altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas e ondas de calor\u0022, afirma a Sarah Kew, investigadora do Instituto Meteorol\u00f3gico Real dos Pa\u00edses Baixos.Mas, como mostra um novo estudo do grupo World Weather Attribution (WWA), \u0022at\u00e9 os pa\u00edses de clima frio est\u00e3o a registar temperaturas sem precedentes\u0022.Segundo o grupo de investigadores, a vaga de calor recorde registada no m\u00eas ado na Isl\u00e2ndia e na Gronel\u00e2ndia tornou-se cerca de 3\u00b0C mais quente devido \u00e0s altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas causadas pelo homem.Em 15 de maio, a esta\u00e7\u00e3o do aeroporto de Egilssta\u00f0ir, na Isl\u00e2ndia, registou 26,6\u00b0C, um novo recorde nacional para o m\u00eas. 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Descobriram que o dia mais quente de maio foi cerca de 3,9\u00b0C mais quente do que teria sido no clima pr\u00e9-industrial.Embora esta an\u00e1lise n\u00e3o tenha inclu\u00eddo modelos clim\u00e1ticos, os cientistas afirmam que \u00e9 prov\u00e1vel que quase todo o aumento se deva \u00e0s altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas.Qual o impacto das ondas de calor no \u00c1rtico no resto do mundo?\u0022O que acontece no \u00c1rtico n\u00e3o fica no \u00c1rtico\u0022, alerta Friederike Otto, professora Associada de Ci\u00eancias Clim\u00e1ticas no Centro de Pol\u00edtica Ambiental do Imperial College de Londres.\u0022O calor invulgar teria acelerado o derretimento do gelo e contribu\u00eddo para a subida do n\u00edvel do mar, que est\u00e1 a amea\u00e7ar a sobreviv\u00eancia de comunidades em pequenas ilhas, como Vanuatu, Kiribati e Tuvalu, bem como de povos ind\u00edgenas como os Inuit.\u0022A Gronel\u00e2ndia perde, em m\u00e9dia, 43 mil milh\u00f5es de toneladas de gelo por ano, e um n\u00famero crescente de provas sugere que a continua\u00e7\u00e3o do aquecimento pode levar o pa\u00eds a ultraar um ponto de rutura em que o degelo se torna irrevers\u00edvel.Um estudo recente alertou para o facto de que mesmo um aquecimento de 1,5\u00b0C poderia provocar a perda das camadas de gelo na Gronel\u00e2ndia e na Ant\u00e1rtida, causando potencialmente uma subida de v\u00e1rios metros do n\u00edvel do mar nos pr\u00f3ximos s\u00e9culos, o que amea\u00e7aria a exist\u00eancia de ilhas baixas em todo o mundo.Sabe-se que o degelo do manto da Gronel\u00e2ndia abranda a Circula\u00e7\u00e3o Meridional de Revolvimento do Atl\u00e2ntico (AMOC), uma vasta corrente oce\u00e2nica que pode enfraquecer ou entrar em colapso com o degelo adicional, podendo perturbar os padr\u00f5es clim\u00e1ticos globais, causando altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas graves em todo o mundo e mergulhando a Europa num profundo congelamento.\u0022Sabemos exatamente o que est\u00e1 a causar o aquecimento e o degelo - a queima de petr\u00f3leo, g\u00e1s e carv\u00e3o. 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Onda de calor recorde: Ártico tornou-se 3ºC mais quente devido às alterações climáticas

Um barco a por uma enseada congelada nos arredores de Nuuk, na Gronelândia, a 6 de março de 2025.
Um barco a por uma enseada congelada nos arredores de Nuuk, na Gronelândia, a 6 de março de 2025. Direitos de autor AP Photo/Evgeniy Maloletka
Direitos de autor AP Photo/Evgeniy Maloletka
De Euronews Green
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O calor da primavera pode ser uma ameaça emergente para as pessoas vulneráveis na Islândia e para as comunidades inuítes na Gronelândia.

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"As pessoas pensam frequentemente em países como a Índia, a Itália e os EUA quando falamos de alterações climáticas e ondas de calor", afirma a Sarah Kew, investigadora do Instituto Meteorológico Real dos Países Baixos.

Mas, como mostra um novo estudo do grupo World Weather Attribution (WWA), "até os países de clima frio estão a registar temperaturas sem precedentes".

Segundo o grupo de investigadores, a vaga de calor recorde registada no mês ado na Islândia e na Gronelândia tornou-se cerca de 3°C mais quente devido às alterações climáticas causadas pelo homem.

Em 15 de maio, a estação do aeroporto de Egilsstaðir, na Islândia, registou 26,6°C, um novo recorde nacional para o mês. Poucos dias depois, a 19 de maio, a estação de Ittoqqortoormiit, no leste da Gronelândia, registou 14,3°C, bem acima da média mensal das temperaturas máximas diárias de 0,8°C.

"Para algumas pessoas, um aumento de 3°C pode não parecer muito, mas contribuiu para uma perda maciça de gelo na Gronelândia", acrescenta Kew, que faz parte do grupo de 18 investigadores globais por detrás do novo estudo da WWA.

O calor provocado pelas alterações climáticas entre 15 e 21 de maio correspondeu a um degelo do manto da Gronelândia cerca de 17 vezes superior à média, de acordo com uma análise preliminar do Centro Nacional de Dados sobre a Neve e o Gelo dos EUA.

Comunidades do Ártico estão a sentir o calor

"No Ártico, as populações locais construíram as suas comunidades com base em condições meteorológicas que se mantiveram estáveis durante séculos", afirma Maja Vahlberg, conselheira técnica do Centro Climático do Crescente Vermelho da Cruz Vermelha.

"No entanto, ondas de calor como estas indicam riscos emergentes na Gronelândia e na Islândia, que estão a aquecer muito mais rapidamente do que outras regiões."

O Ártico tem aquecido a um ritmo mais do dobro da média global. Este fenómeno, conhecido como amplificação do Ártico, é em grande parte causado pelo derretimento do gelo marinho: à medida que o gelo desaparece, é substituído por uma área crescente de água escura do oceano que absorve a luz solar em vez de a refletir.

"As comunidades inuítes enfrentam ameaças crescentes aos seus modos de vida tradicionais, enquanto as pessoas na Islândia com problemas de saúde são cada vez mais vulneráveis ao aumento do calor", acrescenta Vahlberg.

Embora a Islândia registe taxas muito baixas de mortes relacionadas com o calor em comparação com os países do sul da Europa, a vaga de calor pode ter afetado as pessoas com problemas de saúde subjacentes antes de terem tido tempo para se adaptarem ao clima.

Segundo os investigadores, os avisos de queimaduras solares e as estradas amolecidas na Islândia mostram que os países de clima frio estão a começar a enfrentar novos riscos climáticos que podem apanhar as pessoas desprevenidas.

A perda de gelo marinho está também a afetar as comunidades indígenas inuítes, que constituem 90% da população da Gronelândia. A existência de gelo marinho fiável é vital para as deslocações, mas a diminuição do gelo está a criar condições instáveis que impedem o o às zonas de caça tradicionais.

A perda de gelo marinho também provocou um rápido declínio no número de cães de trenó na Gronelândia, que são utilizados pelos grupos Inuit há milhares de anos.

Ondas de calor na Islândia vão tornar-se mais intensas

Uma onda de calor no Ártico pode ainda parecer uma anomalia, mas tais eventos estão a tornar-se cada vez mais comuns.

"Nos últimos anos, eu e os meus colegas do Grupo do Clima do Gabinete Meteorológico da Islândia temos vindo a observar extremos climáticos invulgares, como acontecimentos de precipitação que excedem em muito, em termos de duração e quantidade, tudo o que era esperado com base em dados anteriores", afirma Halldór Björnsson, chefe de grupo do Gabinete Meteorológico da Islândia. "Em suma, as velhas estatísticas não se aplicam".

A vaga de calor de maio bateu recordes mesmo em estações meteorológicas que remontam há mais de um século - incluindo em Stykkisholmur, por exemplo, onde existem dados fiáveis de mais de 174 anos. Björnsson diz que o evento foi o maior calor de maio que alguma vez se viu, com 94% das estações meteorológicas a estabelecerem novos recordes de temperatura.

"O que estamos a testemunhar não é apenas um evento isolado, mas uma mudança nas estatísticas meteorológicas", afirma.

Se as emissões de gases com efeito de estufa continuarem na trajetória prevista e o aquecimento atingir 2,6°C até 2100, as ondas de calor deverão tornar-se mais intensas na Islândia, com a temperatura a aumentar mais 2°C.

Relativamente à Gronelândia, os cientistas analisaram os dados de uma estação meteorológica na parte oriental do país. Descobriram que o dia mais quente de maio foi cerca de 3,9°C mais quente do que teria sido no clima pré-industrial.

Embora esta análise não tenha incluído modelos climáticos, os cientistas afirmam que é provável que quase todo o aumento se deva às alterações climáticas.

Qual o impacto das ondas de calor no Ártico no resto do mundo?

"O que acontece no Ártico não fica no Ártico", alerta Friederike Otto, professora Associada de Ciências Climáticas no Centro de Política Ambiental do Imperial College de Londres.

"O calor invulgar teria acelerado o derretimento do gelo e contribuído para a subida do nível do mar, que está a ameaçar a sobrevivência de comunidades em pequenas ilhas, como Vanuatu, Kiribati e Tuvalu, bem como de povos indígenas como os Inuit."

A Gronelândia perde, em média, 43 mil milhões de toneladas de gelo por ano, e um número crescente de provas sugere que a continuação do aquecimento pode levar o país a ultraar um ponto de rutura em que o degelo se torna irreversível.

Um estudo recente alertou para o facto de que mesmo um aquecimento de 1,5°C poderia provocar a perda das camadas de gelo na Gronelândia e na Antártida, causando potencialmente uma subida de vários metros do nível do mar nos próximos séculos, o que ameaçaria a existência de ilhas baixas em todo o mundo.

Sabe-se que o degelo do manto da Gronelândia abranda a Circulação Meridional de Revolvimento do Atlântico (AMOC), uma vasta corrente oceânica que pode enfraquecer ou entrar em colapso com o degelo adicional, podendo perturbar os padrões climáticos globais, causando alterações climáticas graves em todo o mundo e mergulhando a Europa num profundo congelamento.

"Sabemos exatamente o que está a causar o aquecimento e o degelo - a queima de petróleo, gás e carvão. A boa notícia é que podemos impedir que o calor extremo se agrave cada vez mais, o que significa abandonar os combustíveis fósseis", acrescenta Otto.

"Isso não requer magia. Temos o know-how e a tecnologia necessários, mas é preciso reconhecer que os direitos humanos são para todos, não apenas para os ricos e poderosos."

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