Na Cimeira Ucrânia-Sudeste da Europa, realizada em Odesa na quarta-feira, o presidente da Ucrânia revelou os planos da Rússia para atacar a cidade portuária ucraniana e avançar para a Moldova e a Roménia, sublinhando a necessidade de proteção e de esforços de paz.
O plano da Rússia na sua guerra total contra a Ucrânia é tomar Odesa e continuar até à Moldova e à Roménia, declarou o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy aos líderes do sudeste europeu numa cimeira na cidade portuária do Mar Negro, na quarta-feira.
"Os planos de guerra da Rússia têm como alvo esta região, Odesa. Depois, o objetivo é avançar em direção às fronteiras com a Moldova e a Roménia. É claro que precisamos de proteção imediata. Mas, acima de tudo, precisamos de garantias a longo prazo de que tal não voltará a acontecer", sublinhou.
A cimeira, que contou com a presença da Ucrânia, da Roménia, da República da Moldova, da Sérvia, da Albânia, da Grécia, do Montenegro, da Croácia e da Eslovénia, reuniu países que já foram alvo da guerra híbrida de Moscovo.
A presidente da Moldova, Maia Sandu, alertou para os perigos de uma guerra híbrida destinada a influenciar as eleições legislativas do país, previstas para o outono.
"Aprendemos todos os dias com as novas tentativas e novas formas através das quais a Rússia tenta interferir nos nossos processos políticos internos e democráticos", disse Sandu.
"Vai ser difícil, mas queremos que os moldavos decidam o futuro da Moldova nas eleições parlamentares e não o Kremlin."
Através das suas ações, o Kremlin está a ameaçar a paz em todo o continente, ao mesmo tempo que sabota os esforços para alcançar uma paz duradoura na Ucrânia, salientaram os participantes.
"A Rússia rejeita constantemente qualquer iniciativa construtiva e esforça-se por minar o caminho para a paz", afirmou o presidente romeno, Nicușor Dan, que se encontrava na sua primeira visita oficial à Ucrânia após ter vencido as dramáticas eleições de maio.
"A Rússia faz exigências irracionais, sabendo que não podem ser aceites. A única linguagem que a Rússia compreende é a da força e temos de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para ajudar a Ucrânia a negociar a partir de uma posição de força".
Tanto Dan como Sandu foram recentemente alvo de campanhas de desinformação em canais de Telegram pró-russos, como revelaram a Euronews e a Euro.
Ruínas e cinzas
Entretanto, Odesa voltou a estar sob a mira das forças russas no período que antecedeu a cimeira.
Os jornalistas da Euronews Roménia visitaram os bairros da cidade portuária do Mar Negro, destruídos pelos intensos bombardeamentos de Moscovo nos últimos dias. A dimensão da devastação é significativa: edifícios em ruínas, carros queimados e pessoas desalojadas.
Todas as noites, os habitantes são acordados pelos ataques aéreos e pelo longo som das sirenes. O mais aterrador, segundo as pessoas, é o ruído de drones ou mísseis a sobrevoar a zona.
Kateryna, de 32 anos, assistiu aos bombardeamentos das últimas noites. O apartamento onde vive, juntamente com a mãe, foi atingido por drones lançados pelos russos. Tudo ficou reduzido a cinzas.
"É a primeira vez que a nossa casa é bombardeada. A minha mãe estava a dormir no meu quarto e, quando o primeiro drone Shahed chegou, ela fugiu e escondeu-se na cave. O primeiro ataque ocorreu mesmo no quarto de onde fugiu", disse Kateryna à Euronews.
No início desta semana, pelo menos duas pessoas morreram e nove ficaram feridas num ataque com mísseis e drones que também atingiu uma maternidade, outras instalações médicas, o estúdio de cinema e o jardim zoológico da cidade.
Odesa é de importância estratégica para a Ucrânia, servindo como um dos principais canais logísticos tanto para a exportação como para a importação de bens necessários ao país, que tem sido afetado pela agressão em grande escala da Rússia.