No total, 234 deputados votaram a favor, 210 contra e nenhum se absteve.
O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, venceu esta quarta-feira a moção de confiança que tinha apresentado no parlamento, depois da derrota nas presidenciais do candidato apoiado pelo partido de Tusk.
O atual chefe de governo da Polónia teve 243 votos a favor e 210 contra.
A moção de confiança, apesar de justificada por Tusk com a necessidade de pôr fim às "especulações sobre a sobrevivência do governo", nunca esteve ameaçada, já que a coligação no poder dispõe de uma maioria sólida no parlamento.
Foi a forma encontrada por Tusk para reforçar o seu mandato, depois de o nacionalista Karol Nawrocki ter derrotado Rafał Trzaskowski, o candidato liberal apoiado pelo primeiro-ministro nas recentes eleições presidenciais.
Antes da votação, Tusk fez um discurso de cerca de uma hora em que resumiu o seu mandato até à data e delineou os planos do governo para os próximos dois anos e meio.
O primeiro-ministro polaco anunciou que um porta-voz do governo será nomeado em junho.
"Será uma figura política séria, será um peso-pesado na política", adiantou, revelando também que, em julho, será levada a cabo uma remodelação no governo, o que significará uma mudança na estrutura e "novos rostos".
Referindo-se à proposta de estabelecer um governo técnico, Tusk apelou aos parlamentares do principal partido da oposição, o nacionalista Lei e Justiça (PiS), para que constituíssem uma "oposição técnica" de modo a trabalhar com o executivo em "algo que pudesse ajudar a Polónia". Uma das questões que podem ser tratadas em cooperação é a desregulação, afirmou Tusk.
O chefe do governo sublinhou que, desde que assumiu o poder, a Polónia regressou ao "topo da política europeia e mundial", destacando o aumento do investimento em defesa e o crescimento económico do país.
Segundo Tusk, a economia polaca acelerou para mais de 3% em 2025, em comparação com apenas 0,2% em 2023, o último ano da governação do PiS.
Vários deputados do PiS optaram por ignorar o discurso do chefe do executivo e só apareceram no parlamento para criticar Tusk durante a maratona de perguntas.
Enquanto os representantes da coligação governamental criticavam esta ausência, os representantes do PiS argumentavam nas redes sociais que não queriam dar ouvidos a "mentiras".
Donald Tusk prometeu também restaurar o Estado de Direito na Polónia, salientando que vai tentar desfazer as alterações introduzidas pelo PiS no sistema judicial, que conduziram a um conflito profundo com a UE.
“Voltaremos a estes projetos para reconstruir um verdadeiro sistema de justiça na Polónia”, afirmou.
Tensão à vista
É provável que muita da legislação que Tusk quer aprovar, sobretudo a que está relacionada com a reforma judicial, venha a ser bloqueada pelo novo presidente do país, Karol Nawrocki, que deve usar a prerrogativa de veto para travar diplomas do executivo.
"Os desafios que temos pela frente são maiores do que o esperado. Não há terramoto, mas vamos chamar as coisas pelo nome: temos pela frente dois anos e meio de trabalho extremamente árduo, em condições políticas que não vão melhorar, com um presidente que, na melhor das hipóteses, não será sensível à mudança - tal como o anterior", disse Tusk.
"Conheço os meus direitos como primeiro-ministro do governo polaco, conheço bem a Constituição, sei o que pertence ao governo, o que pertence ao presidente. O presidente também conhece os seus direitos. Se encontrarmos um consenso, será melhor para a Polónia", acrescentou, deixando claro que saberá reagir se Nawrocki partir para o confronto.
Karol Nawrocki tomará posse a 6 de agosto, substituindo o também conservador Andrezj Duda, que cumpriu dois mandatos de cinco anos.