Dez pessoas, incluindo estudantes do ensino secundário, foram mortas no pior tiroteio em massa da história do país após a Segunda Guerra Mundial. O autor do crime também morreu num aparente suicídio, segundo a polícia.
A Áustria está a viver três dias de luto nacional pelas 10 pessoas mortas depois de um atirador ter atacado uma escola secundária na cidade de Graz, no sul do país.
O incidente na segunda maior cidade da Áustria, com cerca de 300 mil habitantes, foi o tiroteio mais mortífero da história recente do país alpino.
A polícia está a investigar a razão pela qual o atirador, identificado pelas autoridades como um antigo aluno da escola que não conseguiu terminar o curso, poderá ter levado a cabo o ataque.
O autor do crime, identificado pelos meios de comunicação austríacos como "Artur A", não tinha antecedentes criminais e ter-se-á suicidado na casa de banho da escola depois de ter cometido o atentado.
Durante uma busca à casa do jovem, a polícia encontrou planos para um ataque explosivo, bem como uma bomba de cano que não estava a funcionar.
Foi encontrada também uma nota de suicídio digital e manuscrita dirigida aos pais do autor. "Até ao momento, não se pode retirar qualquer motivo da carta de despedida", disse o diretor da Segurança Pública, Franz Ruf, à emissora pública ORF, na terça-feira à noite.
A imprensa local especulou que anos de bullying podem ter sido um possível motivo para o massacre e referem que o jovem de 21 anos vivia com a sua mãe. Em declarações ao jornal OE24 um vizinho disse que "ele era completamente introvertido".
Na manhã de quarta-feira, a autoridade que gere os hospitais de Graz disse que todas as vítimas estavam em condições estáveis.
Nove ainda se encontravam nas unidades de cuidados intensivos, um dos quais necessitava de ser operado a uma ferida no rosto e o segundo a uma lesão no joelho, enquanto outros dois tinham sido transferidos para as enfermarias normais.
Discussão sobre posse de armas
O suspeito estava na posse de duas armas de fogo que foram apreendidas pela polícia após o ataque.
Tinha adquirido as duas armas legalmente e terá ado na avaliação psicológica exigida na Áustria para obter o chamado cartão de posse de arma de fogo de "Categoria B".
Na Áustria, as armas são tradicionalmente transportadas para caça e não para a auto-defesa.
Algumas armas, como as espingardas e as carabinas, podem ser adquiridas a partir dos 18 anos de idade sem necessidade de autorização.
Outras armas, como as espingardas de repetição ou as armas de fogo semi-automáticas, são mais difíceis de adquirir e os compradores precisam de um cartão de posse de arma e de um livre-trânsito para armas de fogo.
O raro tiroteio, que provocou uma manifestação de pesar e choque na Áustria, suscitou um debate interno sobre a necessidade de restringir o porte de armas, uma vez que a Áustria tem leis mais liberais e um elevado número de proprietários privados de armas em relação ao resto da Europa.
A presidente da Câmara de Graz, Elke Kahr, já apelou a uma proibição total das armas privadas. "As licenças de porte de arma são emitidas com demasiada rapidez", afirmou no rescaldo da tragédia.
"O caso será analisado e as lacunas serão colmatadas", disse o diretor da Segurança Pública, Franz Ruf, acrescentando também que "o autor do crime não estava autorizado a transportar as armas fora de casa."
Os meios de comunicação social locais especularam que a escola não estava preparada para um ataque desta dimensão, uma vez que os tiroteios em escolas são raros na Áustria.
Franz Ruf declarou que serão lançadas investigações para explorar a forma como as escolas podem implementar melhor as medidas de prevenção e proteção para evitar tragédias semelhantes no futuro.
O chanceler austríaco, Christian Stocker, considerou a tragédia "incompreensível". "As escolas devem continuar a ser lugares de paz - lugares onde as crianças podem crescer e aprender", afirmou.
O governo acrescentou que foram criadas numerosas equipas de intervenção em situações de crise para apoiar as vítimas e as suas famílias, incluindo uma linha direta para as pessoas afetadas.
"A escola deve ser um lugar seguro para todos, onde os alunos possam desenvolver-se. Todos os que precisam de ajuda após o crime de hoje devem procurar ajuda", declarou o ministro da Educação, Christoph Wiederkehr.